ENCONTRO DE ALMAS
Tocando-lhe a face, ela desembrulhou aquela alma e, ao sentir o calafrio que soprava de dentro do peito daquele homem triste, percebeu então, a sombra da proximidade, da perda e, apesar do vento exageradamente frio, sentiu a necessidade de manter aquela alma desnuda.
Desejou aquecê-lo, ela mesma precisava disso.
Ele por sua vez, sentiu-se tão nu diante daquele par de olhos, que esperava por uma explicação, que o convencesse daquele início de amor tão prematuro, que sua face corou diante dela.
E foi justamente nesse momento que ele percebeu que o rubor era comum e, que também a despia. Que a colocava nua diante de todos os critérios, os preconceitos, as hipocrisias, os conceitos e quaisquer sentimentos que a tivesse levado pra longe dele.
Ao notar-se despida, ela então debruçou sobre o peito dele e colocou sua face na direção daquela brisa gelada, que vinha do fundo da alma daquele homem, querendo entender-lhe todos os segredos e com isso embora sem se dar conta, brindava, mimava e acariciava o corpo dele com o dela, cometendo ternuras no seu espírito e tripudiando seus receios apertando com os seios o peito daquele moço...
Ele lutou disfarçando lágrimas nos olhos e fingiu indiferença...
Tirou seus olhos dos dela e olhou para o céu.
Ignorou sua presença...
Multiplicou estrelas...
Assoprou algumas nuvens...
Segurou ventos com as mãos...
Flutuou...
Pairou rente ao chão e engoliu os soluços para ver se o tempo passava. Não adiantava! Então, o moço acabou se deixando aquecer pelo carinho daquela moça e derreteu-se, fluindo para dentro dela.
E a moça que era só tristeza, agora sorria e era toda alegria sentindo aquele moço tão esperado entregar-se, escorrendo-lhe através das palmas das mãos, na direção da sua vida...
Cássia d’Ávila
AGO 2005
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